“O pragmatismo é a forma que o empirismo tradicional assumiu nos Estados Unidos. E enquanto o empirismo tradicional viu na experiência a progressiva acumulação e sistematização dos dados sensíveis e das observações passadas ou presentes, no pragmatismo a experiência é abertura para o futuro, previsão e projeção, regra de ação.
Menos conhecido que William James, Charles Sanders Peirce (1839-1914) exerceu sobre as pesquisas semiológicas e metodológicas sucessivas uma influencia
muito mais incisiva e durável do que as já notáveis de James.
Peirce foi estudioso de lógica e semiólogo sofisticado ("todo pensamento é um signo e participa essencialmente da natureza da linguagem"; "não é possível pensar sem signos"; "todo pensamento é signo"); ele afirma que o conhecimento é pesquisa; que a pesquisa parte da duvida: é a irritação da dúvida que causa a luta para obter o estado de crença. E são quatro, na opinião de Peirce, os métodos para fixar a crença.
- o método da tenacidade;
- o método da autoridade (de quem procura impor suas próprias ideias com a ignorância ou o terror);
- o método do a priori (este é o método de diversas metafísicas, e “não difere de modo essencial do método da autoridade");
- o método científico.
Os três primeiros métodos - escreve Peirce no ensaio A fixação da crença (1877) – não funcionam. Apenas o método cientifico é o método correto se quisermos alcançar crenças validas.
Na ciência temos três modos diferentes de raciocínio: dedução, indução e, diz Peirce, abdução.
A dedução é o raciocínio que de premissas verdadeiras não pode levar a consequências falsas.
A indução é o raciocínio que, sobre a base de certos membros de uma classe com certas propriedades, conclui que todos os membros daquela classe terão as mesmas propriedades.
A abdução é o raciocínio que nos diz que, para encontrar a solução de um fato surpreendente, devemos inventar uma hipótese da qual deduzir as consequências, que devem ser controladas empiricamente, isto e, indutivamente.
Não nos e lícito pensar que uma hipótese bem verificada seja segura para sempre: "uma hipótese é, para a mente cientifica, sempre in prova". Nossos conhecimentos continuam desmentíveis, "falíveis", escreve Peirce. E se o método válido para fixar as crenças é o cientifico, a regra estabelecer o significado dos conceitos, ou seja, para tornar claras nossas ideias, é a regra pragmática: um conceito se reduz a seus efeitos experimentais concebíveis. Eu sei o que quer dizer "leão", isto é, conheço o significado do termo "leão", quando sei comportar-me diante do animal designado pelo termo "leão"; da mesma forma, conheço o significado de "vinho" quando sei o que fazer como objeto designado pelo conceito "vinho".”
REALE, Giovanni. História da filosofia: De Freud a atualidade, v.6. Dario Antiseri. - São Paulo: Paulus. 2006.
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